sexta-feira, 10 de junho de 2016

De repente


E se
Assim
De repente
Do nada

Todos os que você conhecia vão embora
Não é que eles tenham morrido
Não é isso
Eles simplesmente te largaram

Para falar a verdade
Nem seus amigos eles eram
Isso foi uma coisa só sua

Foi você que contou seus segredos
Foi você que contou qual era a sua cor favorita

Eles só acenaram
E balançaram a cabeça
Simplesmente concordando com tudo o que você dizia

Se está sofrendo agora
A culpa é sua
Foi você que confiou neles
Foi você que se deixou confiar

terça-feira, 22 de março de 2016

Uma sociedade humana


Uma sociedade humana
É uma sociedade unida
Onde todos se respeitam
E se ajudam

Em uma sociedade humana
Não há guerras
Nem armas
Nem sangue

Uma sociedade humana
É composta de seres vivos
Diferente de agora
Que somos máquinas de matar

Creio


Creio em Deus e no homem
E na sua capacidade de destruição
Na sua rapidez em irar-se
E no seu grande ego

Creio na sua sede de sangue
E na sua ideia de justiça
No seu poder absoluto
E no seu senso de superioridade

Creio na sua indiferença a morte
E na sua falta de sentimentos
No seu olhar frio
E nos corpos aos seu pés

Tentativa de fuga


E o menino correu
Não porque queria
Mas porque sabia
Que se o pegassem
Não voltaria a andar

Correu desesperado
Até as pernas queimarem
Até o folego se perder
Até a cabeça doer
Até levar um tiro

O crime


Anoiteceu de repente
E as lágrimas da mãe brilharam na noite
E o sangue do filho impregnou em suas vestes

Mas ela nem notava
Tamanha era a dor em que estava tragada
Se afogando em sofrimento

E a lua
Com sua beleza fria
Observava indiferente a morte

Bulling


Cada dia que chego na escola
Ele me encontra e me bate
Me humilha, me xinga, me ilude
Me deixa sofrendo calado

Não conto, não demonstro, não mostro
Vivo sozinho nesse tormento
Agonizando na batida do sinal
Me preparando para o encontro fatal

Mas hoje o sofrimento acaba
Hoje isso tem um fim
Hoje teremos um morto
E ele verá a cor do sangue

Bloco de gelo


Sou um bloco de gelo
Flutuando no mar de mortos
Admirando as cabeças que emergem
Sorrindo para as gargantas cortadas

Me delicio com o cheiro de sangue
E banho-me na dor
Uso o desespero como perfume
E choro quando estou feliz

Se dependesse de mim
Todos estaríamos mortos
Seria mais fácil
Seria uma benção

Quem faz o mundo?


São os idosos felizes
São as garotas livres
São as vielas escuras
São as ruas mortas

São os homens cruéis
São as flores do campo
São os jardins de sangue
São os corpos vazios

São as denúncias caladas
São as mulheres estupradas
São os casamentos
São os enterros

Que fazem o mundo

segunda-feira, 21 de março de 2016

Choveu


Choveu
E o céu chorou
Derramando suas lágrimas sobre a terra
Encharcando o chão com seu pesar

E a dor fez nascer a flor
Que ele colheu e a ela entregou
Fazendo com que cobrissem suas mãos geladas
E sua pele de geada

Se matou e alimentou novamente a terra
Que agora era cheia de ódio
E sujas de sangue ficaram as rosas

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

Eu mendigo

Ela disse que me amava
Mas me abandonou
Ela disse que chorava
Mas nem lacrimejou

Me deixou com a dor como companhia
E se foi acompanhada da alegria
Deixando cair no caminho os pedaços do meu coração

Eu a sigo tentando recupera-los
Mas minha visão está embaçada
E meu caminhar bambo

Ela me menospreza
E eu sou um mendigo implorando atenção

Eu já era seu

Ela andou em linha reta na minha direção
Parecia não se dar conta da própria beleza
Sentou-se com tanta gentileza que chegou a brilhar

E que podia fazer eu se não admirar
Tamanha obra de arte que num museu devia estar?

Quando falou soube que nunca encontraria som mais belo
Que nunca veria mais brilhante sorriso
Nem maior ternura

E assim, num estante
Eu já era seu