segunda-feira, 20 de julho de 2015

Os homens brancos


Eles chegaram
Tomaram tudo para eles:
Nossas mulheres
Nossas riquezas
Nossa liberdade

Não perguntaram antes
Não pediram
Tomaram a força
Com suas armas de fogo

Não esperaram
Não nos deixaram falar
Nos prenderam em cordas de ferro
Nos fizeram sofrer

Então agora eles sofrerão a consequência:
O abraço gelado da mãe da terra
E então eles adubaram nossas árvores com seu sangue
E elas produziram frutos suculentos

Com gosto de vingança

O homem mata


O gato mia
O cão late
O pássaro canta
O homem mata

O tempo corre
O vento sopra
A chuva molha
O homem mata

O fruto cai
A terra o consome
A folha protege
O homem mata

terça-feira, 14 de julho de 2015

Dia de chuva


Seus olhos:
Escuros, Não revelam nada
Seus pensamentos:
São uma incógnita inacabada

Seu corpo:
Dá a Narciso mil falhas
Seu rosto:
Gravado em minha mente apaixonada

Me apaixonei
No instante em que te vi
Naquela esquina escura
Naquela rua molhada

Naquele dia de chuva
Comigo toda ensopada
Naquela noite de inverno
Na manhã da alvorada

Na vida:
Enquanto durar
Na morte:
Eternamente viverá

O nosso mundo
O nosso corpo
O nosso tempo
Será eterno

quarta-feira, 1 de julho de 2015

Nada é eterno


Nada é eterno
Nem amor
Nem dor
Nem prazer

Nem calor
Nem pudor
Nem temor

Nem nada que você possa ter
Querer ou sonhar
Mas talvez exista algo

Talvez por nada restar
o fato de tudo sempre acabar
É eterno

Ainda bem que fora só um sonho


Era manhã
Noite de natal
Os dragões voavam no céu
Um avião repousava num barco de papel

A grama rosa continuava bela acima das nuvens
O dia continuava tendo 72 horas
Eu continuava a falar latim

Pensei ter visto um céu azul
Noite não era dia
Grama era verde
Ainda bem que fora só um sonho

Abri o jornal


Abri o jornal
Vi na capa um crime banal
Não tinha faixa etária
Não tinha proibição de entrada

Estava exposto
A qualquer um e a todos
Tamanha brutalidade
Que num filme seria considerada inadequada

Mas no jornal
É considerada notícia

Como é ela


O canto daquela sereia
O rosto daquela beleza
Que me enfeitiçou

A boca daquela beldade
Os olhos que falam a verdade
Que me paralisaram

Que beleza estonteante
Que visão
Que beldade
Que me fascinou

Que jeito de ser
Que forma de pensar
Que só com uma palavra
Me fez delirar

Que sentimento fadado
Condenado a imortalidade
E aos contos de fadas
E finalmente, a morte

Era a hora de me conformar


Hoje abri a porta do meu quarto
Me deparei com um assassinato
Um corpo débil
Violentado de forma débil
Fechei a porta
Estava frio

Liguei para a secretaria
Conversei com vossa senhoria
Ela se exaltou
Deu um grito
O coração parou
Mais um corpo pra enterrar

Daria trabalho
Dois corpos numa noite só
Pareceu-me que o sono viria mais tarde hoje
Mas tudo bem
Toda vez, na mesma data, era a mesma coisa
Estava fadada a isso
Era a hora de me conformar